Dia desses comprei um livro muito bacana: A vaca e o hipogrifo do Mario Quintana. Ele reúne poemas e pequenas prosas do autor. E deparei-me com um trecho que me fez refletir, ei-lo aqui:
Crescemos planejando o futuro; depositamos todas as esperanças nele. Quando crianças, costumávamos ouvir essa tão famosa pergunta: "O que você quer ser quando crescer?". Quando adolescentes estudamos tanto para conseguirmos ingressar em uma universidade e garantir um bom emprego no futuro. Economizamos nosso dinheiro para que no futuro ele não nos falte. Adiamos alegrias. Adiamos tanta coisa com a desculpa de que estamos preparando melhor nosso futuro. Futurismo, oh, beleza!
E quando carregamos o passado nas nossas costas? Sentimo-nos sempre tão nostálgicos. "Ah, que vontade de voltar atrás e vivenciar tudo outra vez." A infância. Momentos de alegrias.
Pior ainda é quando o passado é triste e nos impede de prosseguir. Como se fosse uma mala tão pesada que estamos carregando. O peso dela deixa-nos cansados e sempre exaustos para viver o agora. E, às vezes, ela está tão mal organizada; uma bagunça, um caos. E usamos o presente para tentar arrumá-la. Mais uma vez, para que no futuro esteja melhor.
A grande questão é que ninguém se preocupa em lhe perguntar: "O que você quer ser hoje?"; ou melhor: "Como você gostaria de estar agora?". Neste exato momento.
Sobrevivemos nesse apressar da vida. Somos seres ocupados e segundo a lógica humana, é isso que nos faz sermos levados a sério. Preocupamos mais com o "ter" do que com o "ser". Somos exigentes; rápido!
O amanhã é uma incógnita. Tudo é tão incerto. O futuro é uma hipótese; não há nenhuma garantia que ele existirá. Não há nada. Tudo o que temos é o dia de hoje. Logo, para que tanto apostar nele e desperdiçar o presente? Essa lógica, às vezes, gera um presente com um passado regido por arrependimentos.
Com certeza você já deve ter ouvido essa pergunta: "O que você faria hoje se não houvesse mais o amanhã?". Esse "hoje" é de fato hoje. Já vi gente responder coisas excepcionais. "Ah, eu faria isso, faria aquilo..." Faria; futuro do pretérito: indica possibilidade, uma hipótese. Você tem uma possibilidade de fazer, ou melhor, você tem uma chance. Essa chance é hoje. Quem lhe garante que irá haver o amanhã? Pense nisso. Esperar é tão crucial.
Portanto, devemos nos preocupar com o presente. Devemos viver no presente do indicativo. O agora. Isso, exatamente agora! Se você bobear, seu "agora" vai se esvaindo. Não perca seu tempo adiando as chances de viver. Ficar apenas sobrevivendo é tão deprimente. Viver é o que há de melhor. Viver consiste em aproveitar, de fato existir e "escrever" mais um capítulo emocionante da sua história. Afinal, você não vai querer contá-la tão sem sal assim. "Escreva-la" (leia-se: viva-la) como gostaria. Não devemos adiar boas histórias se elas podem ser contadas ainda hoje. Um livro com quase todas as páginas iguais é demasiado entediante e o final feliz, talvez, nem lido.
Então, você vive ou sobrevive?
Pense sobre.
Beijos,
Helô.